Capital paranaense aposta na transformação digital para reurbanização

Eleita cidade mais inteligente e conectada do Brasil, pelo Ranking Connected Smart Cities 2022, Curitiba está investindo em seu laboratório especializado em BIM (LABIMPMC ) por meio do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). O objetivo é inovar no planejamento urbano a partir do sistema de mobilidade, ponto em que a cidade sempre foi pioneira no que diz respeito à adoção de novas tecnologias.

Complexo do Tarumã. Cortesia da prefeitura de Curitiba.

Desde o final da década de 80, a prefeitura de Curitiba já utilizava o Autodesk AutoCAD, mas com o tempo passou a adotar sistemas mais sofisticados para o desenvolvimento de estudos de planejamento urbano. Em 2018, a cidade passou a investir em um projeto de adoção do BIM que compreendeu treinamento e aquisição de hardware e software para secretarias envolvidas na iniciativa, por meio do LABIMPMC, que tem como missão não apenas a adoção, como também a ampliação e disseminação da ferramenta em todas as áreas da municipalidade.

É interessante destacar que esse investimento está atrelado ao componente inovação de um dos programas multilaterais financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e considerado muito bem-vindo pelo banco como um complemento à evolução dos projetos e implantação das obras. O BID é um dos agentes financiadores de obras estruturantes para a Prefeitura de Curitiba, a exemplo da obra Inter 2 que atende uma linha relevante da cidade. O município conta ainda com o financiamento de entidades como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) – dos Brics – e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), contemplando programas socioambientais e de mobilidade associados ao transporte e a urbanização de áreas ambientais, no combate aos riscos climáticos.

“Estamos focados, nos próximos anos, na implantação de projetos de mobilidade, urbanização e habitação social. Para nos dar todo o embasamento para a execução das obras, estamos trabalhando com as ferramentas BIM Autodesk, que têm nos ajudado desde a concepção de melhores projetos ao gerenciamento das obras”, diz o engenheiro civil Márcio Teixeira, diretor técnico da Unidade Técnico Administrativa de Gerenciamento (UTAG), ligado ao IPPUC, setor responsável pelo gerenciamento dos contratos multilaterais.

De acordo com o engenheiro Mauricio Costa, coordenador do LABIMPMC, o laboratório visa prestar suporte à implantação da tecnologia no município, atuar como elemento técnico na formulação de estratégias e definir critérios para contração de projetos e obras no município, além de integrar o GIS com o BIM.

Modelagem 3D: do tinteiro ao digital

 

Para trazer as intervenções à vida, diversas áreas são selecionadas para subsidiar estudos e projetos das vias envolvidas em cada lote. Imagens em alta resolução, obtidas por fotogrametria, desdobram-se em ortofotos, MDT e MDE, e são utilizadas, também, para a geração de nuvens de pontos. Essas imagens são o ponto de partida do desenvolvimento de modelos digitais, de onde serão extraídos, por exemplo, a altura das edificações para cálculo da volumetria, além de informações que vão compor o banco de dados georreferenciado da cidade.

Entre as boas práticas do IPPUC, está o uso do Autodesk Infraworks para simular e assim avaliar projetos contratados. As validações técnicas compreendem, inclusive, se o motorista tem a visibilidade necessária para fazer os movimentos dentro de uma intersecção. Com isso, qualquer via que não seja 100% segura pode ser corrigida antes mesmo da fase de planejamento da obra.

Segundo o engenheiro civil Rafael de Paula, projetista viário do LABIMPMC, “a ferramenta é muito interessante para nossos estudos conceituais e projetos digitais de sistema viário. Um exemplo disso é que há 15 anos um sistema binário foi implantado na cidade e muito próximo da inauguração desta obra tivemos várias experiências de colisão em uma curva vertical, justamente pela falta de visibilidade do motorista. Se tivéssemos essa ferramenta no passado, a obra não teria que ser alterada depois de pronta e tampouco a população teria sido afetada.”

O Infraworks acaba trazendo bastante detalhamento e precisão da obra ainda na fase de planejamento. Também é possível fazer a simulação de como o trânsito se comportará na região quando as obras forem implantadas, usando dados do software e do estudo de tráfego. Além disso, a ferramenta possibilita a flexibilidade de simular trechos do projeto.

Outra vantagem apontada pelos especialistas é o uso do Autodesk Docs como Ambiente Comum de Dados (CDE), que facilita a comunicação com as projetistas, o entendimento dos projetos e suas interferências na escala urbana. A disseminação do BIM dentro da prefeitura como pré-requisito gera naturalmente o engajamento das empresas contratadas, trazendo maior eficiência e agilidade nas correções e aprovações dos projetos. Ainda, a plataforma em nuvem possibilita que qualquer pessoa possa ter acesso ao projeto por meio da internet. Isso viabiliza não apenas o controle da obra, como a comunicação institucional com a própria população, que pode acompanhar como a região ficará quando a obra for acabada, uma vez que as imagens geradas são de fácil entendimento, mesmo para pessoas sem conhecimento técnico.

Melhorando a vida da população

 “Em Curitiba, inovação é um processo social. A cidade só é inteligente quando melhora e facilita a vida das pessoas”, afirma Rafael Greca, prefeito da cidade.

Os técnicos destacam ainda que um dos projetos em andamento também foi usado para traçar um perfil socioeconômico da região analisada e assim obter informações sobre as condições de vida dos moradores do local. Um cadastro desses moradores foi elaborado para avaliar o impacto real das mudanças para cada família, além de levar em conta a necessidade de cada uma delas. Assim sendo, o BIM vai muito além da engenharia, mas acaba sendo uma metodologia de melhoria de vida dos cidadãos curitibanos.

“É fantástico acompanhar os casos do IPPUC e da prefeitura de Curitiba, que estão na vanguarda do planejamento urbano e usufruem de diversas tecnologias consolidadas, como GIS e BIM, para melhorar a fiscalização e aprovação de projetos e obras”, observa Fernanda Machado, especialista técnica sênior da Autodesk do Brasil.

“A administração pública e a população só têm a ganhar com este grande exemplo de inovação social”, completa Ricardo Bianca, também especialista técnico sênior da Autodesk Brasil.

 Veja neste vídeo como ficará o projeto!